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História 

 

 

      Em Dezembro de 1822, foi apresentada, numa reunião da Comissão “L’Acadèmie Royale des Sciences”, parte da investigação de um professor belga na Ecole Polytechnique em Paris, César-Mansuète Despretz (1798-1863), que descrevia a combinação do dicloreto de enxofre com o etileno pela reação: SCL2 + 2(C2H4) ( ClCH2CH2)2S. O resultado desta reação foi descrito por Despretz como um líquido viscoso, mal cheiroso e de elevado ponto de ebulição.

     O facto de o professor não ter descrito, na época, qualquer propriedade irritante levou a crer que a reação de produção da mostarda sulfurada pode não ter ocorrido por completo, no entanto dois químicos franceses defenderam em 1930 de que o Despretz deveria ser reconhecido com a descoberta do composto.

     Novamente em França, aproximadamente 30 anos depois, em 1854, o químico Alfred Riche (1829 – 1908) repetiu os ensaios de Despretz publicando-os num artigo intitulado de “Recherches sur des combinaisons chlorées dérivées des sulfures de méthyle et d’éthyle”, sem o citar. Neste artigo, Richie descreveu, um líquido amarelo com um ponto de ebulição de 185ºC a 200ºC, sem, mais uma vez, ser referida qualquer propriedade irritante.

     Por volta de 1860 foram descritas pela primeira vez, por Albert Niemann (1834-1861) um aluno de doutoramento, alemão, as características tóxicas das mostardas, num artigo lançado em 1860 na Annalen der Cheme und Pharnazie, intitulado de “Ueber die Einwirkhung des braunen Chlorschwefels auf Elaygas” (Os efeitos do gás etileno castanho de chlorosulfide on ethylene gas). No artigo em causa, Niemann seguindo o trabalho anteriormente descrito por Despretz descreveu a substância como sendo perigosa dado que ao fim de algumas horas após o contacto com a pele se verificava o aparecimento de bolhas muito difíceis de curar.

     Posteriormente, outros cientistas, ingleses e alemães acabaram também por contribuir de diferentes formas com a descoberta do gás, especialmente a nível da sua melhor caracterização e de um aperfeiçoamento da sua síntese tornando-a mais eficiente. Destes pode nomear-se o inglês Frederick Guthrie que permitiu um melhor conhecimento da fórmula química da mostarda sulfurada, assim como o alemão Victor Meyer e o inglês Hans T. Clarke que de diferentes formas e em diferentes alturas contribuíram para aperfeiçoar a síntese e melhor determinar a reação de síntese deste gás.

     Mais tarde, aquando da Primeira Guerra Mundial, a Alemanha foi capaz de produzir a mostarda sulfurada em larga escala, baseando-se no método de síntese Meyer-Clarke, o Levinstein. Os países Aliados, França, Inglaterra e Estados Unidos demoraram quase 1 ano a descobrir que se tratava do gás mostarda e, dado que não tinham o esquema sintético de Meyer, não conseguiram produzir uma substância tão pura quanto a que era produzida pelos alemães. Assim graças a mais um colaborador, o químico Sir William Pope, foi possível a produção da mostarda sulfurada partindo do monocloreto de enxofre, por parte dos países Aliados, seguindo-se também pelo método de Levinstein. Este método voltou a ser usado pelos países Aliados na Segunda Guerra Mundial.

     Na primeira vez que o gás mostarda foi usado como arma química, este era denominado de Hun Stoffe, abreviada de HS ou apenas de H e foi usado em Ypres, na Bélgica, pelos alemães, durante a Primeira Guerra Mundial. Durante este período os soldados eram apenas equipados com máscaras de proteção, não protegendo a pele e assim somaram mais de 1,3 milhões de mórbidos dos quais 90 mil se encontravam num estado muito muito grave.

     Para além das Grandes Guerras, o gás mostarda foi também usado noutras situações. A conquista da Etiópia pela Itália, em 1935 a 1936, foi um dos exemplos nos quais foram usados aeronaves para a distribuição massiva do gás. Mais tarde este volta a ser usado pelo Japão na conquista da China em 1937-1945, que para além do gás mostarda usou também outras armas químicas. De 1963 a 1967 este volta a ser usada pelo Egito, aquando da guerra civil de Yemen, usando bombas aéreas do gás mostarda contra tropas monárquicas. Depois disso este volta a ser usado pelo Iraque aquando do conflito Irão-Iraque que ocorreu de 1983 a 1988, usando também agentes nervosos, e contra os guerreiros de Kurdish de 1987 a 1988.

     O gás mostarda é de facto uma substância química muito tóxica que enquanto usado como arma química em diversos confrontos pôde somar milhões de mortos e feridos. Existem no entanto algumas descobertas vantajosas associadas a este gás que começaram por uma tentativa de prevenção contra esta arma, aquando da Segunda Guerra Mundial, pelo Departamento de Guerra da Yale. [1], [2]

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