Gás Mostarda

Anti-inflamatórios
A mostarda sulfurada é um eletrófilo que vai alquilar componentes celulares e extracelulares de tecido vivo. Como resultado, alguns complexos celulares são iniciados incluindo o ciclo celular, síntese e libertação de mediadores inflamatórios e citotóxicos. Além dos efeitos celulares, há respostas tecidulares como a inflamação e lesões nos tecidos. A causa das lesões parece ser a libertação prematura, súbita e massiva de enzimas destrutivas como as citoquinas pró-inflamatórias (IL-1β, IL-6 e IL-8), fator necrosante tumoral (TNF-α) e da sintase de óxido nítrico (iNOS).
Deste modo, alguns fármacos têm sido testados, tanto in vitro como in vivo, como por exemplos os macrólidos. Os macrólidos, são um grupo de antibióticos, estudado inicialmente devido às suas propriedades bactericidas. Atualmente tem sido demonstrada a sua eficácia no tratamento de doenças respiratórias inflamatórias, através de um mecanismo diferente do da atividade antibacteriana. Apesar deste mecanismo ainda não estar completamente clarificado, sabe-se que os macrólidos afetam o processo inflamatório, incluindo a migração de neutrófilos, a explosão oxidativa de fagócitos e a produção de citoquinas pró-inflamatórias. O uso de macrólidos demonstrou reduzir os efeitos da exposição ao gás mostarda como o aumento da expressão de iNOS, citoquinas pró-inflamatórias em humanos e as células epiteliais do trato respiratório. Contudo a dose usada foi o dobro daquela que apresenta atividade antibacteriana, o que pode aumentar a possibilidade de efeitos secundários tóxicos.
Outra classe de anti-inflamatórios usados foram os glucocorticoides esteroides. Quando o glucocorticoide se liga ao seu recetor (GR) na membrana celular, o complexo recetor-glucocorticoide desloca-se até ao núcleo, onde se liga ao DNA levando à repressão de citoquinas inflamatórias, moléculas de adesão e enzimas inflamatórias. A betametasona e a dexametasona têm sido usadas como antídotos do gás mostarda. Contudo, existem vários efeitos secundários inerentes à terapêutica com glucocorticoides, como por exemplo, aumento de peso, osteoporose, imunidade diminuída, miopatia, necrose vascular, alterações no humor, défices na memória, hiperglicemia, úlcera péptica, gastrite e hemorragia gastrointestinal. Por causa destes efeitos adversos, existe ainda algum receio no uso destes fármacos no tratamento de pessoas expostas ao gás mostarda.
Finalmente o salbutamol e o ativador do plasminogénio tecidular são outros compostos com propriedades anti-inflamatórias e que demonstraram efeitos benéficos sobre as lesões pulmonares induzidas pelo gás mostarda.
Há ainda muito trabalho de pesquisa nesta área de maneira a obter-se compostos anti-inflamatórios mais seletivos, bem como combinar possíveis antagonistas para outras vias afetadas.
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